domingo, 17 de abril de 2016

Está Difícil Encontrar Um Noé

Está Difícil Encontrar Um Noé

Para o mundo ocidental, a lenda do Dilúvio, da Arca de Noah, ou Noé, é muito conhecida. E é aceita como verídica por muitos judeus, cristãos e muçulmanos. Essa estória já está contida no épico de Gilgamesh. Os hebreus souberam dela quando de seu exílio na Babilônia e a reproduziram da sua forma. Mas isso não tem tanta importância para nossa história. Ou tem?
Por que aqui escrevo: ‘Está Difícil Encontrar Um Noé’?
Noé, segundo relatam alguns especialistas em religião judaica, não era bem um sujeito nota 10, um Francisco de Assis para os cristãos. Mas era o que tinha de melhor na região. E foi com ele mesmo que Jeová seguiu com seu projeto de extermínio de quase todos os seres vivos.
E aí está a nossa situação, às vésperas de uma exótica votação de impeachment.
Em um texto que escrevi, sob o título ‘O País dos Golpes’, publicado nesta mesma página no final do ano passado, descrevi como o sujo jogo político se desenrola no Brasil.
Parece que nada está certo.
Comandando o executivo, pelo menos no papel, está a Sra. Dilma Rousseff, com um passado que não é dos mais limpos, guerrilheira para a causa da ditadura do proletariado.
Tem o direito de consertar? Claro, todos temos.
Mas não é o que se tem visto. Seus seguidores dizem, para os quatro cantos, que ela pode até não ser uma boa presidente, mas é honesta.
Caros amigos. Honesta? Tenho absoluta convicção, pois não sou tolo, de que a Sra. Dilma tinha total conhecimento dos desvios da Petrobrás para os projetos de poder do PT e aliados. Isso é honestidade?
E os gastos faraônicos de seu governo. Lembro que, para a recente convenção do clima em Paris, no meio de uma devastadora crise econômica, ela levou 900 pessoas, ficando as mesmas em hotéis de luxo na capital francesa. Isso é ser honesta?
E sobre as mentiras durante o processo de reeleição, além de, agressivamente, destruir pessoalmente a candidata Marina Silva?
Para não cansar mais os leitores, deixando de lado as dezenas de outros exemplos existentes, somente digo-lhes: Isso é desonestidade!
Mas quais são as opções: Michel Temer.
Alguns dizem que é um vampiro, no sentido mais direto da palavra, pois está se aproveitando da situação. Está aí fazendo das suas, se reunindo na maior ‘cara-de-pau’ com líderes políticos das mais variadas etnias, já formando seu ‘governo’. Devia ser mais discreto. Curiosamente, também pode sofrer seu impedimento, com direito a dois possíveis processos.
Outra opção: Eduardo Cunha. 
Esse aí, segundo as palavras de Roberto Jefferson, o que denunciou o ‘mensalão’, é um 'pistoleiro', ‘o único adversário a altura de Lula e da quadrilha que aí está’, pois, nesse caso, é ‘uma briga de foice’, onde ‘vale tudo’.
Rodrigo Janot, procurador-geral da República, o chamou de delinquente. 
Cunha está atolado com os processos de corrupção que recaem sobre ele. O Supremo Tribunal Federal vai começar a julgá-los e ele não dura muito não.
Ele é o retrato de um Congresso Nacional cheio de desconhecidos, muitos deles aguardando na fila para serem julgados pelo STF, pois, como têm foro privilegiado, não podem ser julgados no Tribunal de Primeira Instância. Mas são pessoas eleitas por nós mesmos. Fiquem de olho em quem vocês vão votar na próxima eleição.
Renan Calheiros é a opção seguinte ao Sr. Cunha. Aliado fiel de Lula e Dilma, não fica atrás. Está aí desde o Collor, fazendo das suas. Em 2009, durante um discurso que pedia a renúncia de Sarney da presidência do Senado, o então senador Pedro Simon criticou Calheiros muitas vezes. Uma de suas falas é: 'Calheiros abandonou Collor quando lhe foi conveniente e  sempre apoiou qualquer governo'. Sobre ele há muitas acusações graves, vindas da operação Lava Jato. É bem capaz de cair também.
Como um dominó, será que teremos um futuro não mencionado pelos analistas mais experientes.
A minha ‘Noé’ é a ministra Cármen Lúcia, a senhora de lindos cabelos. Não que eu goste de todas as suas decisões, mas entre todos os citados, é nossa única esperança de seriedade. Com a saída do sinistro ministro Lewandowsdi da presidência do STF, quem será eleita é a ministra Cármen Lúcia. Serena, educada e didática. É a quinta na linha sucessória do poder executivo.
Será que ela, no caso de um impeachment e queda dos outros diversos sucessores, pode nos conduzir até às próximas eleições como...Presidente do Brasil. Sim, Presidente, pois ela não teria o mau gosto de usar um termo tão horroroso, em português, como o usado pela Sra. Dilma.
Não sou um religioso, mas sou um estudioso do tema. Então, aqui termino com a linda passagem do arco-íris, contida na estória do dilúvio bíblico. A bela  tradução, vinda dos originais mais antigos, foi realizada pelo francês judeu André Chouraqui, e traduzida para o português por Carlito Azevedo.
Se nossos governantes pudessem esquecer a cobiça que há em seus corações, nosso país seria certamente muito melhor. Que o arco-íris no céu de Brasília possa iluminar suas decisões!
Que o Universo nos abençoe, seja qual for o resultado de hoje!
Um abraço aos amigos e obrigado por lerem minhas palavras!

Gênesis 9,12-16
12. Elohîms diz: “Eis o sinal do pacto que ofereço
entre mim, entre vós
e entre todo ser vivente que há convosco
pelos ciclos perenemente.
13. Meu arco, à nuvem eu o dei,
ele é o sinal do pacto entre mim e a terra,
14. quando eu fizer nublar a nuvem sobre a terra
e meu arco tornar-se visível na nuvem,
15. eu memorizarei meu pacto entre mim, entre vós
e entre todo ser vivente em toda carne.
As águas não mais serão para o dilúvio,
para destruir toda carne.
16. E o arco está na nuvem:
eu o vejo para memória do pacto de eternidade,
entre Elohîms e entre todo ser vivente,
em toda carne que está sobre a terra.”

Comentário do Tradutor: Elohîms renuncia à guerra contra a humanidade; como um guerreiro, ele depõe seu arco nos céus, ele se desarma e este gesto deve recordar-lhe, e também ao homem, sua lei de vida, seu novo pacto com a criação inteira. Ao caráter universal do pacto corresponde um signo cósmico universal: o arco-íris enquanto símbolo de paz.
Quando ele escreve ‘Elohîms’, ele se refere ao que chamamos ‘Deus’, em português.