Nesse texto eu não me
aprofundarei no assunto ‘arte contemporânea’, pois não é relevante aqui dizer
se obras presentes nas recentes exposições que geraram polêmica no Brasil são
fruto de inspiração e genialidade ou provocação de mau gosto. Também não
escreverei sobre como as leis de incentivo privilegiaram muitas manifestações
artísticas nos últimos anos, catapultando artistas próximos ao grupo ideológico
que controlava as aprovações ou não dos projetos apresentados. Também não será
assunto desse texto descrever e comentar a inegável carolice ainda enraizada em
nosso país, que é facilmente observada na quantidade enorme de pessoas
sexualmente reprimidas que tratam o tema ‘arte’ como se ainda estivéssemos na
Era Vitoriana (Reino Unido, Sec. XIX).
O assunto sobre o qual quero
escrever é, para mim, o que é essencial nesse momento: censura e
liberdade de criação e opinião.
Começo minha exposição citando trecho
de um depoimento muito emotivo, da atriz Fernanda Montenegro, que sempre
exprime sua opinião com muito discernimento: ‘Tudo é cultura, inclusive a
cultura de repressão. Mas só há um tipo de cultura que realmente constrói um
país: é a cultura da liberdade. A cultura liberta, cria alma de uma nação.’
Minha geração se iniciou quando a
censura em nosso país estava em seus momentos mais terríveis e ridículos
também, dentro da ditadura militar (1964-1985). Houve censura em vários outros momentos
de nossa capenga república. Mas eu só os conheci em livros de história.
Ela chegava até nós, crianças, de
outro modo. Algo como: ‘Isso não pode ser dito!’. Um momento que ainda me
recordo, e sobre ele gostaria de me aprofundar mais em um texto sobre ditadura,
foi quando meu pai se despediu de mim em um dos meus primeiros dias de escola.
Possivelmente 1974 ou 75, com Geisel ou Médici na presidência. Papai tinha
jeito com criança. Mas quando a coisa era muito séria, ele conversava conosco
como se fôssemos adultos, mesmo que não entendêssemos nada. Era seu jeito de
tentar fixar algo em nossas cabecinhas, meio no desespero. E ele me ordenou,
com mais ou menos essas palavras: ‘Caso perguntem se seu pai critica o
presidente, não diga nada, sim?’.
Para meu pai não tinha essa de
esquerda ou direita. Devia ‘meter o pau’ no governo militar e na repressão em
conversas íntimas, mesmo sem defender PCs, lutas armadas e outras idiotices.
Extremismos não faziam parte de sua agenda. Como um cidadão honesto,
trabalhador, pai de família, devia ter prudência para não atiçar os órgãos
repressores, com seus tentáculos espalhados por todo canto. Experiente, inteligente,
sabia que se houvesse algum amiguinho da escola cujo pai era investigador da
polícia civil, este podia querer saber o que meu pai tinha falado. Com tortura
ou, no mínimo, humilhações.
Não havia direito de dar opinião
sobre muitas coisas. Isto se chama censura. Sabemos hoje quão ignorantes eram
os censores, responsáveis por ‘capar’ ou proibir um texto, um disco, um livro,
uma obra de arte, uma novela, um artigo de jornal ou qualquer coisa pública.
Foto do Conselho de segurança nacional
que aprovou o Ato Institucional nº5, em 13 de dezembro de 1968, que oficializou
a ditadura no Brasil e institucionalizou a censura e a opressão por parte do
Estado.
E, para neutralizar a horrível
foto acima, publico também a mais linda das imagens da marcha contra a ditadura e a
censura, ocorrida no dia 26 de junho de 1968 (Passeata dos Cem Mil, no Rio de
Janeiro). Na foto, as atrizes Eva Todor, Tônia Carrero, Eva Wilma, Leila Diniz,
Odete Lara e Norma Bengell lideram um grupo durante o protesto.
Bem, mas a censura não ocorre só em
ditaduras ditas de ‘direita’. Também é uma arma importante das ditaduras ditas
de ‘esquerda’. A repressão à opinião contrária à oligarquia governamental, às
suas atitudes e ações não é ‘privilégio’ dos extremistas classificados como
‘esquerda’ ou ‘direita’. Como querem se manter no poder a qualquer custo, lançam
mão dessa poderosa arma para silenciar qualquer forma de oposição.
Por isso, os governos extremistas
nunca investem em uma educação que seja livre de caráter ideológico. Cuba, por
exemplo, é dominada há décadas por uma oligarquia ditatorial. Dizer que lá não há
analfabetos e que as pessoas tem educação gratuita é muito raso. Essa afirmação
deveria estar acompanhada do complemento de que toda criança nessa ilha sofre
lavagem cerebral ideológica desde a primeira infância.
Ex-lideres e um líder atual de
ditaduras de ‘esquerda’: Stalin, Mao Tse Tung, Fidel Castro e Kim Jong-Un
Eu digo por mim mesmo,
baseando-me no já citado regime militar brasileiro pós 64. Em plena ditadura,
em nossas aulas da famosa ‘educação, moral e cívica’, eu tive que decorar todos
os hinos militares do país. E sou capaz de cantar uma parte deles após cerca de
40 anos. E, como sempre gostei muito de música, nutria um prazer grande em
cantar o da marinha. Há um conhecido daquela época que, na fase em que a
presidente Dilma estava para cair, escreveu um ‘post’ afetuoso sobre as aulas
de EMC em seu perfil no Facebook. Sofreu lavagem cerebral da tal ‘direita’.
Para mim, só restou o Cisne Branco, felizmente.
E também para neutralizar a
imagem anterior, com tanta gente feia, posto fotos de líderes mundiais que
lutaram e lutam pela paz e direitos de minorias: Martin Luther King, Dom Hélder
Câmara, Thich Nhat Hanh e Papa Francisco.
Sobre as exposições que geraram
polêmicas, o certo é que, contra elas, houve uma violenta manifestação via
redes sociais e discussões provocadas nos espaços onde as mesmas
ocorriam/ocorrem vindas de grupos reacionários com níveis diferentes de organização.
Sempre citam o MBL, mas os primeiros manifestantes contra a exposição Queermuseu
do Santander Cultural, em Porto Alegre, que a acusaram, histericamente, de
pedofilia e zoofilia, nada têm a ver com esse grupo. Inclusive reclamaram que o
tal grupo de ultra direita, já acusado de propagar ‘fake news’ sobre outros
assuntos, apropriou-se indevidamente da ‘denúncia’ deles. É o porco falando mal
do toucinho.
A exposição apresentava obras
muito variadas, de diferentes épocas, algumas de artistas reconhecidos
internacionalmente, como Adriana Varejão, Alfredo Volpi, Cândido Portinari, Lygia
Clark e Pedro Américo. O fato é que, mesmo que a exposição tenha sido
prematuramente encerrada, pela entidade responsável, a divulgação das obras
aumentou muito, tendo elas sido inclusive projetadas em Museus de NY. É o efeito
contrário, sempre presente nesses casos. Vale lembrar que promotores do Ministério Público atestaram que não havia incitação à pedofilia nas obras.
Durante o 35º Panorama de Arte
Brasileira, tradicional exposição bienal no MAM, ocorreu a performance do coreógrafo
Wagner
Schwartz, que estava nu. A polêmica foi causada pela interação
de uma criança com o artista, tocando o corpo do sujeito, nas mãos e nos pés.
Uma reação agressiva ‘viralizou’ nas redes sociais. O MAM, em nota divulgada no
Facebook, ressaltou que a criança estava acompanhada da mãe
e que a sala onde ocorria a performance estava '’devidamente sinalizada
sobre o teor da apresentação, incluindo a nudez artística'’. O museu também garantiu que o
trabalho, intitulado La bête (a besta, em francês), não tinha qualquer conteúdo erótico. Organizações de ultra direita e
esquerda radical travaram suas tradicionais batalhas virtuais. Não é meu interesse aqui exprimir opinião
sobre a qualidade das obras, como já disse. Claramente me coloco a favor da
liberdade de exposição das mesmas. Mas há realmente que se coloque que, como
temos o Estatuto da Criança e do Adolescente e nos referimos a ele como avançado
para a proteção aos menores de idade, ele deve ser considerado em relação à
presença de crianças nas chamadas ‘performances artísticas’ que incluem nus. Como?
Lendo e interpretando corretamente o mesmo.
Em Belo Horizonte, onde moro,
também houve confusão. E aqui, apesar de debates físicos e virtuais, a
exposição “Faça Você Mesmo Sua Capela Sistina”, do artista Pedro Moraleida, no
Palácio das Artes, começou a receber o triplo de visitantes após o apoio da
classe artística, que se mobilizou, e do prefeito Alexandre Kalil que, com seu
jeito direto e prático de se expressar, resumiu bem: ‘Aqui é local adequado.
Isso aqui é uma galeria de arte. Você pode gostar ou não gostar. Vir ou não
vir’. Incrível! Na provinciana BH a exposição não foi fechada!
Religiosos também quiseram dar
seu ‘pitaco’ sobre o assunto, mesmo com conhecimento limitadíssimo do que seja
arte. Revoltada com essa ‘interferência’, uma conhecida, renomada artista
mineira, iniciou um texto escrevendo que ‘Igreja é lugar de religioso. Galerias
e Museus são lugares do artista’. Apesar de entender até o sentido que ela quis
dizer, creio que ela foi, de certa forma, infeliz, como lembrou um amigo desta
em um comentário no ‘post’, escrevendo que igrejas são lugares em que a arte
está muito presente.
Particularmente acho que todo
mundo tem direito de opinar sobre o que quiser, dizer que gosta ou não gosta
disso ou daquilo, sob seu ponto de vista. O que não é bom é gerar uma situação agressiva e
opressora. Atitudes que levam à censura são perigosas para uma sociedade ainda desequilibrada
como a nossa.
O já citado efeito contrário ao
desejado pelos críticos, que almejam a censura, é lugar presente. Um dos
clássicos exemplos internacionais é o selo ‘Parental Advisory’, adotado pela
Recording Industry Association of America (RIAA) em 1985 e, em 2011, pela
British Phonographic Industry (BPI). Mary "Tipper" Gore, ex-esposa do
45º Vice Presidente americano, Al Gore, é comumente creditada pelos principais
movimentos que levaram ao selo Parental Advisory. Mas, desde sua introdução, tem
havido questionamentos em relação à efetividade do selo. Dizem que os artistas
se beneficiam da etiqueta. Os ouvintes jovens interessados em conteúdo
explícito podem encontrá-lo mais facilmente com a indicação. Lembrando que, nos
Estados Unidos, a 1ª. Emenda à Constituição protege completamente o direito de
expressão dos cidadãos americanos. Curiosamente, apesar desse radicalismo de
‘Tipper’ Gore, que foi motivado por razões familiares, ela é ativista pelos
direitos de minorias, incluindo os dos LGBT.
Um fato curioso que observei pela
movimentação nas redes sociais, que fornecem farto material para minhas
pesquisas, é a polarização não política nesse caso. Enquanto existia aquela
discussão entre antipetistas e anti antipetistas (antes do PMDB passar a perna
nos dois), via-se um dualismo puramente ideológico e retrógado. Agora não.
Pessoas que não fazem parte dos grupos chamados de esquerda, mas que são
defensores das manifestações artísticas e/ou dos direitos LGTB, estão,
obviamente, contrários aos grupos chamados de ‘extrema direita’. Mas não se
alinham à chamada ‘esquerda cultural’, pois esta também tem seus podres. E que
podres.
Sempre me lembro de fatos que
ocorreram no passado para relacioná-los com o presente, pois sou um viajante no
tempo. O filósofo Luiz Felipe Pondé, também polêmico, conseguiu resumir muito
bem o que penso: ‘Do ponto de vista da esquerda cultural, falando do ponto de
vista da liberdade de expressão, a gente sabe que a esquerda cultural não tem
nenhuma moral para falar da liberdade de expressão. Na verdade, o maior número
de casos de busca de censura, nos últimos tempos no país, veio justamente da
esquerda cultural, e os seus discursos que visavam o que se chama de
politicamente correto.’
Dois exemplos ficaram bem claros
para mim nos últimos tempos. Eu não poderia me esquecer do que aconteceu com
Yoani Sánchez, blogueira cubana que enfrentou todo tipo de protestos em sua
visita ao Brasil em 2013. A moça, de hábitos simples, que viveu toda sua vida
em uma Cuba estacionada no tempo há mais de 50 anos, teve imensa dificuldade em
sair do país para vir ao Brasil, mesmo recebendo convites para eventos
culturais e debates. Chegando aqui, houve uma barbárie. Foi recebida com
protestos nos aeroportos, com cartazes ofensivos, gritos pró-Cuba, chamando-a
de ‘mercenária’, ‘agente da CIA’, jogando cópias de dólares nela, dentre outras
bobagens. Mas ela também recebeu carinho dos brasileiros, é claro, como podemos ver na 1a. foto (abaixo), à esquerda.
Yoani, que teve seus cabelos
puxados por um dos manifestantes, creio que em Salvador, foi também impedida de
continuar um debate na Livraria Cultura de SP.
Bem, vi muitos manifestantes da extrema 'esquerda', nas redes sociais, reclamarem que museus e galerias são espaços
para exposições. Sim, concordo. E livrarias são espaços para gritos e censura?
Yoni só comentou: ‘Eles gritam porque não tem argumentos’. Na foto seguinte o cartaz
‘Fale, Yoni, Fale!’ e outro de Porto Alegre: ‘Censura = Morte’.
O segundo caso que gostaria de
incluir é o da autorização de biografias. Foi uma batalha que levou anos para
ser finalizada quando, em junho de 2015, o STF liberou, por decisão unânime,
biografias publicadas em livros, revistas e novelas. Os ministros destacaram
que abusos podem levar a medidas de reparação, o que é justo, claro.
O grupo ‘Procure Saber’, dirigido
por Flávia Lavigne, empresária e ex-esposa de Caetano Veloso, foi responsável pelo ‘lobby’ contra as chamadas ‘biografias não
autorizadas’. O grupo incluía, além de Caetano, Chico Buarque, Gilberto Gil,
Roberto Carlos e Djavan. Os três primeiros são conhecidos militantes da esquerda cultural.
Flávia e seu pessoal foram acusados por diversos escritores e jornalistas de
querer praticar censura prévia. Perdeu. E, curiosamente, o Sr. Caetano Veloso, incoerente
e ávido por uma mídia, aparece agora defendo as artes e se mostrando contra a
censura das manifestações artísticas.
Para complementar, vale lembrar a
visita, em 18 de julho de 2017, do senador Cristovam Buarque (PPS-DF) à UFMG,
para participar de uma palestra e lançar seu livro 'Mediterrâneos
Invisíveis'. Após a palestra, quando deixava o local para almoçar, o
senador foi seguido por alunos e professores da universidade e de outras entidades de ensino superior presentes ao evento do dia, que o
hostilizaram, o chamando de ‘golpista’ e ‘traidor’. Ora, Cristovam é um homem
educado, moderado, pacífico. Tem uma biografia respeitada e não compactua com
ideias radicais como volta de ditadura, diminuição de direitos de minorias e
outros assuntos retrógrados que são ventilados por reacionários intolerantes. Tampouco
participa do governo atual e já fez duras críticas ao presidente Temer e
aliados. Como ele votou a favor do impeachment da presidente Dilma, estava e está
sujeito a críticas pelos defensores dela, é claro. Mas tudo dentro do respeito
que ele certamente merece. Como pude constatar, em minhas
pesquisas, vem recebendo também uma organizada e grosseira crítica em sua
página no Facebook, logo após seu voto a favor da abertura do processo
de impeachment. Foi vergonhoso e vexatório o comportamento de alunos
e professores universitários, que, infelizmente, não aprenderam a participar de um debate democrático.
Resultado: alegando razões de falta de segurança, a
equipe do senador optou por não comparecer novamente ao local para o lançamento
do livro.
Além do que ocorre com o senador Buarque, nas redes sociais, os outros dois exemplos acima geraram muita polarização, como também ocorre (já mencionado) em relação às três recentes exposições.
Eu, particularmente, mesmo tendo uma posição não ideológica em meus comentários e postagens na rede social, já sofri tentativas de censura de ambos os ramos da patrulha radical. E, não me curvando a essas, amizades virtuais foram desfeitas (de forma unilateral, pelo amigo ou amiga virtual) e até relacionamentos pessoais sofreram abalos. Mesmo que eu respeitasse o direito de opinião de outras pessoas, o meu teria que concordar com o delas. Comentários contrários em ‘posts’, segundo uma amiga, não faziam parte das ‘regras de convivência do Facebook’. Ou seja, em um texto ou link seu, são apenas bons os comentários que sejam a favor deste. Raso demais. Por mais patrulha que possa existir, minha liberdade de opinião me é muito cara. Minha alma fica em paz.
Eu, particularmente, mesmo tendo uma posição não ideológica em meus comentários e postagens na rede social, já sofri tentativas de censura de ambos os ramos da patrulha radical. E, não me curvando a essas, amizades virtuais foram desfeitas (de forma unilateral, pelo amigo ou amiga virtual) e até relacionamentos pessoais sofreram abalos. Mesmo que eu respeitasse o direito de opinião de outras pessoas, o meu teria que concordar com o delas. Comentários contrários em ‘posts’, segundo uma amiga, não faziam parte das ‘regras de convivência do Facebook’. Ou seja, em um texto ou link seu, são apenas bons os comentários que sejam a favor deste. Raso demais. Por mais patrulha que possa existir, minha liberdade de opinião me é muito cara. Minha alma fica em paz.
Algumas conclusões:
Para mim, o tom vai abaixar daqui
a pouco, quando a política esquentar mais ainda.
Creio que alguns grupos de
‘extrema direita’, maiores responsáveis pela agressividade contra as
exposições, e que ainda tinham alguma credibilidade junto a uma parcela
significativa de conservadores moderados, deram um tiro no pé. Esses jornalecos
de 5ª. categoria perderam ponto com muitos seguidores que vêm a arte como algo ‘sagrado’,
muito importante para a democracia. Em alguns anos, entrarão para o anonimato,
como entrou o TFP (hein?). Vão fazer companhia aos grupos midiáticos de ‘extrema
esquerda’ que, sem a injeção de dinheiro que recebiam dos governos anteriores
ao atual, estão rapidamente perdendo sua penetração na sociedade.
Concordo com a opinião do
internauta Francisco Pinheiro, lida no programa Estúdio i, da GloboNews, em 29
de setembro passado: ‘A arte sempre é alvo quando a democracia não anda bem’.
Faz falta hoje em dia figuras
esquecidas pela pouca memória do brasileiro, como o multimeios Carlos Imperial,
que sempre me recordo como compositor (com Ataulfo Alves) de ‘Você Passa, Eu
Acho Graça’ (originalmente interpretada por Clara Nunes), que, em casos de
polêmicas como essa, costumava esculhambar com o moralismo, sem ficar com
discurso politicamente correto, pois estava sempre à frente de seu tempo.
As obras, infelizmente, não estão
gerando polêmicas por serem ou não criativas e sim pela sua viabilidade ou não.
O assunto é a censura.
Gostaria de concluir com a
observação de uma amiga, Márcia Soares, que, indignada com a censura sofrida
pela exposição em Porto alegre, comentou algo como: ‘queria ver esses censores
fazendo uma excursão por exposições na Europa!’. É claro que, mesmo no velho
continente, vez ou outra há uma polêmica sobre obras também, como o recente cancelamento
da montagem de uma escultura pela direção do Louvre. Mas são fatos isolados
dentro do vasto e sempre efervescente mundo das exposições europeias. Creio que
se a imprensa local escrevesse algum artigo sobre a visita sugerida pela minha
amiga, diria: ‘Caipiras brasileiros visitam exposições na Europa!’
Fiquem agora com pequeno trecho
do programa Estúdio i, da GloboNews, de 29 de setembro passado. Nele, o sempre
equilibrado jornalista Marcelo Lins se posiciona em relação ao tema, após a
polêmica da exposição no MAM-SP.
Obrigado pela leitura de minhas
palavras e paz no coração.