Altar da Paz é uma das mais lindas obras da artista plástica Rachel Roscoe, pintura pela qual ela mesma tem um carinho especial. Assim ela escreveu sobre a obra: “Devido à sua grande dimensão, 235 x 145, ao nos aproximarmos da mesma podemos nos sentir praticamente dentro dela. Sempre faço o exercício de me projetar na arvorezinha branca que caminha em meio à vastidão azul. Sinto uma paz acolhedora e daí o título.”
Outro dia conversei com a pintora sobre algumas de suas telas. Na noite seguinte à nossa conversa, tive um sonho no qual ela me mostrava alguns de seus quadros. E se deteve especialmente no Altar da Paz.
Claro que não compreendemos tudo do mundo dos sonhos. Mas, como antes havia pedido sua autorização para deixar uma foto desta obra na tela do meu computador, isso pode ter me inspirado durante a noite.
Sempre que a imagem entra na tela, sinto realmente uma paz muito grande, logo de manhã cedo. E cada vez que a vejo, ao ‘abaixar’ os programas abertos e o navegador, uma energia muito positiva chega até mim, sem filtro.
E há sempre momentos que busco ver a imagem desta pintura (que, é claro, não substitui a experiência de ver a obra original) só pra admirá-la e meditar.
Não gostaria aqui de falar sobre detalhes técnicos ou tentar explicar a obra ou algo parecido.
A magia dela deve ser preservada, a ligação com o mundo dos sonhos da artista. A forma como ela visita este universo encantado certamente lhe inspira de forma diferente. Percebo como ela dá vida aos seus sonhos em suas pinturas.
O poeta Ferreira Gullar assim disse, em entrevista ao diretor Zelito Viana: “O pessoal diz que a arte revela a vida. É mentira. A arte não revela a vida. A arte inventa a vida! A noite estrelada de Van Gogh só existe na tela dele. Ele não está revelando (nada). A noite que existe no cosmo é outra coisa. Ele criou uma noite que só existe na tela dele. Então ele acrescentou, aos bilhões de noites, uma que só existe ali!”
Rachel acrescenta, para nós, lindas imagens, que só existem no seu mundo de sonhos. Ela disse, em uma recente Live, sobre o Altar da Paz: “Ele retrata muito essa questão da paz interior. Para mim, é o céu. Se eu pudesse retratar o céu, seria isso. Ele todo em tons de azul.”
Sobre os tons, sei que ela tem acesso irrestrito ao mundo das cores, muitas das vezes das suas próprias cores.
O azul pode estar associado a vários estados e sensações. Mas, no Altar da Paz, fica marcante, para mim, a tranquilidade e a harmonia.
O equilíbrio entre as tonalidades, ao fazer uma analogia com a música, é como se ‘escutássemos’ várias melodias interdependentes, um contraponto, muito além de acordes, que são notas tocadas ao mesmo tempo ou em uma sequência perceptível.
O cosmonauta soviético Yuri Gagarin, em abril de 1961, tornou-se o primeiro homem a chegar ao espaço sideral, consagrando a frase: “A Terra é azul. Como é maravilhosa, incrível!”
Ao me lembrar dessa frase, eu me recordei de uma linda música da banda inglesa Moody Blues, Blue World, Mundo Azul. Assim é o refrão, no original (inglês) e traduzido para o português:
It’s a Blue World (É um mundo azul)
It Takes Somebody to Help Somebody (É preciso alguém para ajudar alguém)
It’s a Blue World (É um mundo azul)
It’s a New World (É um Mundo Novo)
It Needs Somebody to Love Somebody (É preciso alguém para amar alguém)
It’ s a Blue World (É um mundo azul)
(No final, um vídeo da música)
Devemos agradecer por estarmos no mesmo mundo com uma artista tão talentosa, criativa e original.
Muito obrigado, Rachel, por nos permitir conhecer um pouco de seus maravilhosos sonhos!
Neles, O Céu é Azul. E o Mundo também pode ser!