sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

O País dos Golpes

O País dos Golpes

Caros amigos,

Com o passar dos anos, quase nada é surpresa para mim. Ignorando conceitos, cortando ilusões, procurando o equilíbrio e a justiça em atos, pois eles são o chão que me sustenta, verifico o lento caminhar de nosso país, muitas vezes para trás.

Porém, triste fico, mas sem achar que é uma novidade, ao ver tão queridos amigos e pessoas muito próximas em defesa deste ou daquele político, ou deste ou daquele partido.

O Brasil vive de golpes, curiosamente por meios institucionais.

O golpe republicano já completou 126 anos. E, com suas várias facetas, permanece firme, sempre se protegendo aqui e acolá.

Em 1930, Getúlio tomou o poder com as armas. Ficou 15 anos dando suas ordens. Fez muitas besteiras. Mesmo assim, foi eleito 5 anos depois e continuou com suas bobagens até se matar, em um último ato de imbecilidade.

Após a renúncia de Jânio Quadros, um louco até na forma de olhar e falar, o país entrou em uma crise que desencadeou no golpe civil militar de 1964. Foram 21 anos de governo autoritário, conduzido com pouca Inteligência e muita truculência. A rima pobre é proposital. E ainda há idiotas que defendem um novo golpe militar.

Depois do Sarney, Collor foi eleito. Golpe? Mais ou menos. Prometeu pouco, cara de louco, olhar de maluco. Só gritava e falava que era ‘caçador de marajás’. Os outros candidatos também prometiam pouco. Dizem que a Globo editou o debate final e isso o levou a vencer Lula. Acredito na história da edição, mas Lula não tinha chance. O povo, muito conservador, não lhe daria o poder naquela hora.
E o Collor também sofreu seu golpe. Golpe? É, golpe. Saída institucional, com apoio do povo etc. Mas o golpe de 64 também teve amplo apoio popular. Até hoje não ficou claro para ninguém o que o Collor fez para sair. Escrevo isso ao comparar com as besteiras que outros presidentes depois dele também fizeram e se mantiveram no cargo. A tão criticada revista Veja, chamada hoje em dia de ‘direitista’, apoiou amplamente o ‘impeachment’, em edições esgotadas nas bancas. Mas a saída daquele insano fez muito bem ao país. Sua eleição foi a marca de uma sociedade ainda doente e muito aristocrática.

Depois tivemos o Golpe FHC. Na sua eleição, não tivemos muitas novidades. Ministro da fazenda de Itamar Franco durante a criação do Plano Real, do qual não participou, pois não sabe nada de economia, ficou fácil para ele. Mas, no meio do seu 1º mandato, criou a reeleição em benefício próprio. Lembro que até Roberto Carlos apareceu no programa do Faustão para defender a reeleição, respondendo a uma pergunta direta do apresentador. Mais direto, impossível. FHC, sociólogo de araque, jogou todas suas teses fora. Deveria ter perdido seus títulos acadêmicos. E fez um péssimo 2º mandato, entregando o país de bandeja para o Lula.

E era o momento do Lula. Aguardado pela chamada ‘esquerda’ brasileira. A Globo cumpriu sua promessa, feita após o debate com Collor (o que dizem ter sido manipulado). Disse Cesinha, um dos fundadores do PT e respeitado militante das causas sociais, em entrevista a Zuenir Ventura, que Lula lhe confidenciou ter ‘deitado' vários litros de uísque com a direção da Globo, após sua derrota na eleição de 1989. Para quê? Saberíamos anos mais tarde.

A campanha de Lula teve uma excelente cobertura da mídia. Quem o elegeu foram os 30% de ‘eleitores históricos’ do PT e uma grande quantidade de pessoas, muitas conhecidas minhas, não eleitoras de Lula, que compraram a ideia da ‘mudança’. E o toque final da Globo? Bem, no último dia de comícios pelo Brasil, no Jornal Nacional, muito bem assistido pelos brasileiros, que ainda não possuíam ‘smartphones’ e facebook, sai do banheiro, amarrando o cinto após fazer seu xixi, o ‘operário', ‘simples’ cidadão brasileiro, que sofreu e venceu’(Ê Duda Mendonça!!). Saiu do JN eleito. Golpe? Mais ou menos.

Lula, 2º Mandato e Dilma, 1º Mandato. Golpe? Bem, Lula e Dilma surfavam na onda da China (Ver meu segundo texto sobre a queda da barragem em Mariana). Mais ou menos como no Plano Real, o pleno emprego gerou satisfação na população, que ignorou o terrível destino do país. Poucos investimentos em infraestrutura e educação. Cuidado com o meio ambiente: Zero. Bem, mas nesse último tema nem todo mundo é D. João VI, que replantou uma floresta inteira.

Aí vem o Golpe! Talvez o mais avassalador dos últimos 50 anos. Dilma maquiou a situação econômica do país. Ela estava exausta durante o processo eleitoral. O que precisava falar, como ‘soldada de suas ideologias’, a dilacerava por dentro e por fora. Muito mais solto e sem se preocupar com as muitas acusações sobre ele, Aécio, que não quero aqui defender e chamá-lo de mocinho (longe disso, pois não transmite confiança) foi muito mais eficaz nos debates. Mas o povo, sempre conservador, tinha medo das mudanças tão necessárias para que o pais caminhasse.

Dilma prometia continuação. Logo após sua eleição anunciou vários aumentos, alguns altíssimos. Os reajustes dos vários subprodutos do petróleo e da energia e outras dezenas de problemas fizeram com que a inflação atingisse, agora no acumulado dos últimos 12 meses, em uma visão conservadora, os dois dígitos. Este foi seu golpe. Mas não um golpe no PSDB. Este foi um duro golpe em todos nós. Para que eu não possa ser chamado de mentiroso, há um vídeo do Lula confirmando toda a história. Fala demais.

Agora estamos em vias de um novo golpe. Cunha, Temer, Lula, todo mundo de olho aberto, esperando sua oportunidade. Lula? Ora, quem derrubou o senador Delcídio no senado, com aquela desastrosa nota do PT, abandonando o aliado fidelíssimo. Quem manda no PT? O povo não tem memória e pode votar no Lula do mesmo jeito que votou no ditador Getúlio em 1950. Curiosamente, Lula acaba de ler a biografia de Getúlio Vargas. Disse isso em entrevista a Roberto D’Ávila. Mas do jeito que as coisas estão, o PT pode não chegar com força em 2018. Então, melhor a Dilma fora. Já está se formando uma chapa: Lula – Presidente e o 'almofadinha' Ciro Gomes – Vice. Pode esperar.

E o PSDB, tão criticado por amigos meus e pessoas próximas como sendo o ‘golpista’, está dividido. Seus caciques pensam e agem assim:
Geraldo Alckmin, governador de São Paulo. Ele é o que pode ser considerado o mais ‘direitista’ de todos. Apoia Dilma. A chama de ‘presidenta’. É a favor da conclusão do mandato da presidente.
José Serra, senador. Apoia o ‘impeachment’ de Dilma e defende Temer como seu sucessor.
Aécio Neves, senador. O mais desorientado de todos. Atira para todos os lados. Mas, na verdade, quer que a chapa Dilma-Temer seja cassada em julgamento no TSE.
Fernando Henrique Cardoso, à toa. Continua um sujeito elegante, mas cada hora fala uma coisa diferente. Não sabemos ao certo sua opinião.
Sobra para nós o mais duro golpe de todos. Ter que conviver com esses políticos todos, que pensam somente em seu mundinho imbecil. E ainda tem gente que os defende.

Muito obrigado pela leitura.
Ernesto Abreu Valle.

3 comentários:

  1. Foi bom poder entender mais um pouco sobre "golpes". Informações que sinto tanto, pois não chegam à maioria das pessoas que precisam de esclarecimentos.
    Sucesso!!!

    ResponderExcluir
  2. Foi bom poder entender mais um pouco sobre "golpes". Informações que sinto tanto, pois não chegam à maioria das pessoas que precisam de esclarecimentos.
    Sucesso!!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Kenya, Muito Obrigado por acompanhar as postagens e pelos votos de sucesso!

      Excluir