sábado, 8 de abril de 2017

Paco de Lucía - Concierto de Aranjuez (Rodrigo)


Há 25 anos, durante as comemorações dos 500 anos da união dos reinos que hoje conhecemos como Espanha, o extraordinário guitarrista flamenco Paco de Lucía se apresentou com a Orquesta (sem o 'r' mesmo) de Cadaqués, sob a regência de Edmon Colomer, executando o Concierto de Aranjuez, linda composição para guitarra (violão) e orquestra do compositor español Joaquín Rodrigo.

Rodrigo (1901-1999), que ficou praticamente cego aos 3 anos de idade como consequência de difteria, compôs muitas obras. Mas a que se tornou mundialmente famosa foi realmente o 'Concierto de Aranjuez', para 'Orquesta y Guitarra', escrito em 1939, em Paris, em homenagem aos jardins do 'Palacio Real de Aranjuez', a residência de primavera do Rei Felipe II  na segunda metade do século XVI. O Palacio foi posteriormente reconstruido no século XVIII por Fernando VI. Destacam-se as interpretações (com registros fonográficos e algumas também em vídeo) de Narciso Yepes, John Williams, do brasileiro Turibio Santos, além da de Paco de Lucía.

O segundo movimento, o Adagio, aqui apresentado, foi também adaptado para a música popular, com letra de Guy Bontempelli e entitulado 'Aranjuez, Mon Amour', alcançando enorme sucesso na voz de Richard Anthony, em 1967. Após esta adaptação, numerosas interpretações ou pequenas citações do belíssimo Adagio foram se multiplicando, com destaque para Amália Rodrigues, Sarah Brightman, Plácido Domingo, José Carreras, Montserrat Caballé, Milles Davis e Carlos Santana. Nesse movimento, como em todo concerto, há também belas melodias tocadas por instrumentos de sopro, com destaque para o corne inglês (da família do oboé), responsável pelo primeiro solo, após os acordes iniciais da guitarra.

Sobre Paco de Lucía há duas 'estórias' que escutei. A primeira quem me contou foi Warner Souto, meu professor de violão erudito, ainda nos anos 80. Segundo ele, para estudar e gravar o disco 'Paco de Lucía Interpreta a Manuel de Falla', de 1978, Paco, então um músico 'de ouvido' (e que ouvido!), havia estudado música. Segundo Warner, só seria possível gravar aquele disco com conhecimento teórico.

Bem, a segunda veio do Maestro Silvio Viegas, amigo de longa data, atualmente titular da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, que nem sei se lembra do 'causo'. De acordo com que contaram ao Silvio, e ele compartilhou comigo ainda nos anos 90, Paco havia 'tirado' (estudado) todo o Concerto 'de ouvido', escutando as gravações disponíveis.

Bem, como uma 'estória' confronta com a outra, eu acredito nas duas! E, como Paco, que infelizmente faleceu em 2014, ao 66 anos, não está aqui mais para nos explicar, o melhor é desfrutar da sua linda interpretação! 25 anos depois!


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