quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Amargo Rio Doce – Parte 3



Prezados amigos,
Esta é a última parte do texto sobre o rompimento da barragem na região de Mariana.
Até agora, minha crítica foi direcionada ao governo, às instituições e às corporações.
Mas, apaguem todas as luzes da Vale, da Samarco ou da BHP! Fechem os edifícios! Congelem suas contas correntes e parem todas as máquinas! O que sobra? Sobram os donos, funcionários e consultores. A culpa é sempre direcionada ao ‘sistema’, como se existissem robôs que pudessem nos controlar.
Os seres humanos são os responsáveis por toda essa loucura chamada ‘desenvolvimento’. Há indústria para todos os tipos de atividade.
Para reduzirmos essa produção excessiva, quanto menos consumirmos, melhor. Devemos buscar a reutilização dos produtos e, depois, reciclarmos o que pudermos. 
Caso precise de um veículo e a pessoa tenha o dinheiro, deve comprá-lo. Mas é importante utilizá-lo com bom senso e não é preciso comprar um novo a cada dois anos, só porque tem preguiça de levar o carro até para uma troca de óleo.
Mesmo com produtos bem descartáveis hoje em dia, devemos escolher os melhores e comprá-los uma só vez. Uma mala de viagem boa pode durar muitos anos. Um carro bem cuidado pode durar muito também. Para que ter 30 calças, 80 sapatos, 100 camisas, 50 vestidos, 25 frascos de perfume, 20 ternos? Conheço adolescentes que compram, com dinheiro dos pais, 10 calças por semestre e se enfadam delas rapidamente!
Pode parecer bobagem escrever, também, que devemos cuidar de um produto e não o desprezar. É a mesma coisa que dizer que ‘leite materno é o melhor para o bebê’. Todo mundo sabe disso. Mas, com dinheiro na mão, ou não, as pessoas parecem ignorar que estão matando o meio ambiente. Compram muito e não cuidam do que compram, tendo que gastar novamente com o mesmo produto. E dizem às vezes: ‘Ah, é baratinho’.
E sobre os minérios: Já falei dos carros, mas se olhar ao seu redor, caso consiga entender que a vida é interdependente, poderá ver na sua TV, celular, computador, relógio, grafite do lápis, nos ônibus, trens de ferro (quase inexistentes no Brasil), aviões, dentre milhares de produtos, os minerais.
Quanto mais consciente for nosso consumo, menos exploração teremos. E isso serve para tudo: madeira, plástico, vidro, isopor. A lista é infindável.
Mas, mesmo chamando a atenção, nessa última parte, para nosso consumo excessivo, os responsáveis pelas mineradoras, sejam eles os proprietários ou funcionários mais graduados, e os nossos governantes e fiscais omissos tem que ser especialmente e duramente criticados por nós, pois são os responsáveis diretos por essa tragédia ambiental, uma das 3 maiores exclusivamente causadas pelo homem dentre as que me recordo em minha vida. As outras 2 foram: O desastre nuclear na Usina Nuclear de Chernobyl, na então URSS, em 1986, e a explosão da Plataforma de Petróleo Deepwater Horizon, da British Petroleum, no Golfo do México, em 2010.
É lamentável e cabe a nós mantermos uma firme posição e continuarmos a cobrança até que os irresponsáveis sofram punições realmente severas, que leis mais rigorosas sejam colocadas em prática e que criemos as condições para redução e substituição dessa atividade que, se por um lado é importante, por outro lado é extremamente nociva para nós.
Eu já ouvi falar que rio ficou poluído, foi canalizado, secou, foi desviado. Mas nunca ouvi falar que um rio, do tamanho do Rio Doce, morreu.
Já estávamos sem água e o nosso doce Rio Doce agora ficou amargo, vítima da ganância dos seres humanos.
Agradeço aos amigos pela atenção.
Ernesto de Abreu Valle

Nenhum comentário:

Postar um comentário